Batalha dos Guararapes e identidade nacional
Estratégias de ensino-aprendizagem
Por ter unido na luta contra os holandeses africanos, portugueses e indígenas, a Batalha dos Guararapes é apresentada como o evento inaugurador da identidade nacional.
A Batalha dos Guararapes, que ocorreu nas proximidades de Recife nos anos de 1648 e 1649, é retratada na história brasileira como o primeiro momento de ação coletiva no qual um sentimento patriótico estava presente. Inserido no contexto de expulsão dos holandeses que haviam ocupado o Nordeste brasileiro, esses conflitos serviram como base para criar uma identidade nacional.
Esse processo do fortalecimento da identidade nacional ganhou fôlego durante as décadas de 1960 e 1970, quando estava em vigência a ditadura civil-militar. As tentativas dos militares brasileiros em fomentar o tema da unidade nacional vinham ao encontro das medidas repressivas contra o perigo internacionalista do comunismo, caracterizadas principalmente pelas noções de soberania e unidade nacional.
Nesse sentido, propomos aqui uma estratégia de ensino que trabalhe com os alunos da disciplina de história a noção de identidade nacional, tendo por base a Batalha dos Guararapes. Os meios pelos quais os professores podem apresentar o tema aos alunos são o filme Batalha dos Guararapes, O Príncipe de Nassau, produzido por Paulo Thiago em 1978, e o painel Batalha dos Guararapes, de Francisco Brennand.
O tema da Batalha dos Guararapes serve para promover o debater sobre a identidade nacional, pois há nele três aspectos que são caros a essa temática: a ideia de pátria, a formação da nação a partir da união das três raças e a unidade religiosa.
Dessa forma, a proposta é que o professor apresente o filme como uma introdução ao fenômeno histórico da ocupação holandesa no Nordeste brasileiro, em uma primeira aula. Em uma segunda aula, o professor apresentará imagens do painel de Francisco Brennand, mostrando como o artista plástico elaborou sua obra com o objetivo de evidenciar a noção de identidade nacional. Segundo Amanda Marques de Carvalho Gondim, “a obra retrata as batalhas dos Guararapes, e seus traços são nitidamente uma exaltação do episódio a uma epopeia nacional. Elementos inexistentes à época, como a bandeira republicana, são retratados com intuito de demonstrar o caráter heroico e patriótico das lutas. A maneira como são representadas as tropas do Brasil e as da Holanda conotam um grande poderio bélico por parte dos batavos em detrimento do material bélico dos restauradores”¹.
Após a apresentação do filme e do painel, o professor poderá debater com os alunos sobre o tema, tendo por foco os três aspectos acima enunciados. No caso da ideia de pátria, o que permeará o debate será a unidade dos combatentes contra um inimigo externo comum, no caso os holandeses que foram enfrentados pelos “brasileiros”. A união das três raças estará expressa na atuação de tropas comandadas por portugueses, por escravos africanos e também por indígenas. E, por fim, o aspecto religioso expresso na luta dos católicos portugueses contra os judeus e protestantes holandeses.
Os três aspectos são ainda pontos de partida para aprofundar o tema da democracia racial na fundação da nação brasileira, da unidade religiosa do país e também da utilização desses temas de acordo com os interesses políticos de determinada época, como durante a ditadura militar.
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¹ A construção da identidade nacional por meio das Batalhas dos Guararapes: a pátria nasceu aqui. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH • São Paulo, julho 2011.
Por Tales Pinto
Graduado em História