Currículo de Geografia
Estratégias de ensino-aprendizagem
O currículo de Geografia vem sofrendo transformações em suas bases ao longo do tempo, tanto no que concerne ao currículo em si quanto aos métodos científicos geográficos.
Falar do currículo de Geografia ou da estrutura curricular dessa disciplina requer mais do que simplesmente compreender a lista de conteúdos a ser trabalhada pelo professor em sala de aula. Trata-se de compreender tanto as evoluções do pensamento geográfico e a influência deste sobre o ensino quanto as transformações das diferentes teorias curriculares ao longo do tempo.
Desse modo, é preciso entender que tanto a Geografia quanto o currículo passaram por sucessivas renovações ao longo das últimas décadas, abandonando perspectivas tradicionais, baseadas em visões geralmente estáticas e decorativas da realidade, para compreensões calcadas no social e na vivência do estudante. Além disso, as tendências atuais focam na relação do professor e aluno com uma preponderância maior para esse último, que se torna o construtor do próprio conhecimento, o que faz do educador apenas um facilitador da aprendizagem.
A ciência geográfica vem, com o tempo, buscando abandonar as perspectivas que colocaram os conhecimentos espaciais sob uma ótica marcada pela enumeração de informações das diferentes partes do mundo. Nesse sentido, buscou-se a promoção de conteúdos que permitissem uma reflexão crítica sobre o mundo por parte do aluno, com ênfase nas questões da luta de classes, das dinâmicas de concentração de renda e da relação homem/meio pautada pelas lógicas de produção.
As diferentes críticas a esse modelo – muito orientado por um viés marxista com influências estruturalistas e pós-estruturalistas – fizeram emergir uma política de conhecimento que, apesar de levar em conta as dinâmicas sociais e suas críticas, volta-se para o contexto e o cotidiano de vivência do aluno. Assim, em uma noção mais fenomenológica, o aluno é motivado a entender o mundo a partir de sua realidade e com base na relação do local com o global.
Embora os parâmetros curriculares sejam estabelecidos pelas secretarias estaduais de educação – o que faz com que diferentes perspectivas sejam adotadas, incluindo as abordagens regionais –, observa-se que as condições acima apresentadas parecem ser mesmo uma tônica do ensino geográfico no Brasil e seu currículo organizativo. Sendo assim, observa-se que o currículo de Geografia estabeleceu-se com base em programas mais ou menos definidos, cuja ênfase principal é a Cartografia, tema que deve (ria) ser um tópico transversal a todos os conteúdos. Assim, seguem os principais objetivos abordados nos ensinos fundamental (5º a 9º ano) e médio (1º a 3º ano).
- A construção do conhecimento geográfico e a geografia contemporânea;
- A construção do espaço geográfico na relação homem/natureza e seus diferentes conceitos e categorias (paisagem, lugar, região e território);
- A Cartografia e a produção, os tipos e a leitura dos mapas, além da importância deles para a compreensão de diferentes temas;
- O planeta Terra e suas dinâmicas gerais (forma, movimentos e estruturas);
- Os elementos físicos do espaço: litosfera (relevo), hidrosfera (hidrografia), biosfera (vegetação) e atmosfera (climas);
- Os elementos humanos e sociais do espaço: economia, globalização, geopolítica, cultura, espaço urbano, espaço rural, população, industrialização e redes;
- Organização física e política do espaço mundial e suas relações sociais;
- O espaço geográfico geral e regional do território brasileiro em suas diferentes perspectivas;
- A discussão ambiental no que concerne aos recursos naturais, aos eventos climáticos, aos debates políticos sobre o meio ambiente e à preservação da natureza.
Vale ressaltar que, além de conhecer esses diferentes temas e seus desdobramentos, é importante que o currículo busque o desenvolvimento de mérito por parte dos estudantes, no sentido de possibilitar que o aluno enxergue os conceitos e as suas discussões em seus diferentes planos de vivência. Além disso, é preciso considerar a amplitude da interdisciplinaridade no sentido de evidenciar que a construção de uma ciência não é exclusividade de seu objeto de estudo, podendo estar face a face com diferentes áreas do conhecimento.
Por Me. Rodolfo Alves Pena