Ficção cientifica nas aulas de Física

Estratégias de ensino-aprendizagem

A ficção científica tem enorme potencial para a construção de uma aprendizagem mais significativa, podendo ser, portanto, uma ferramenta muito útil nas aulas de Física.

Assuntos como os buracos negros e os buracos de minhocas despertam o interesse e a curiosidade dos alunos

O cinema proporciona muitas possibilidades de discussões em sala de aula que podem gerar aprendizado e desenvolver o senso crítico. Os filmes de ficção científica, por exemplo, podem ser recursos didáticos muito ricos para auxiliar a compreensão de fenômenos abstratos, desenvolver conhecimento de mundo e entender os métodos e as relações da ciência com a sociedade e o cotidiano, sendo ferramentas muito úteis em aulas de Física.

É importante ressaltar que a ciência apresentada nos filmes não é a ciência estabelecida, real, mas, sim, uma ciência chamada de ficcional, que tem compromisso com o enredo da história. Nas palavras de Bráulio Tavares, na ficção científica a ciência é personagem, não coautora. Logo, o professor precisa analisar o que os filmes apresentam e entender se a ciência apresentada está ali simplesmente para compor a narrativa ou se ela possui algum grau de cientificidade, ou seja, se a ciência mostrada possui de fato relação com a realidade. Para exemplificar, podemos citar um episódio do filme Os Vingadores, dirigido por Joss Whedon e lançado no Brasil em abril de 2012, no qual os personagens estão à procura de um cubo cósmico que libera algum tipo de radiação. Na busca pelo precioso objeto, inúmeras terminologias científicas são utilizadas apenas para compor a narrativa do momento que se tratava de uma conversa entre dois estudiosos. No entanto, as falas não tinham por objetivo explicar algum fenômeno científico.

Em contrapartida, existem filmes que apoiam a sua narrativa em fatos científicos e são muito bem construídos, obedecendo às leis da ciência estabelecida. Um ótimo exemplo disso é o filme Interestelar, dirigido por Christopher Nolan e lançado no Brasil em novembro de 2014. O longa-metragem teve consultoria do físico Kip Thorne para a construção de um enredo fiel aos fatos científicos. No enredo do filme, a Terra apresentava falta de recursos naturais e astronautas eram enviados para verificar a possibilidade de vida em outros planetas. As viagens feitas pelos astronautas basearam-se em estudos de Física Moderna e exigiam do espectador uma mínima compreensão de teorias da Física. Os itens abaixo mostram os termos apresentados no filme Interestelar e as possíveis discussões para as aulas de física moderna.

  • Buraco negro: O buraco negro Gargantua é peça-chave nas viagens interplanetárias que ocorrem no longa-metragem. Em sala de aula, pode-se discutir o que são os buracos negros, como identificá-los, os efeitos de sua presença no espaço, a possibilidade de movimentação na borda de um buraco negro, entre outros aspectos;

  • Buraco de minhoca: A partir desse tema, é possível discutir com a turma sobre esse túnel criado no espaço que possibilita viagens através do espaço-tempo. Aqui se pode falar da possibilidade e dos efeitos de viagens no tempo;

  • Efeito das marés: Em um dos planetas visitados pelos astronautas, existiam ondas gigantes que surgiam de vez em quando. Essas “superondas” apareciam em virtude do efeito gravitacional denominado de efeito das marés.

  • Relatividade do tempo: Em determinados momentos do filme, uma hora de permanência dos astronautas no novo planeta correspondia a vários anos terrestres. Aqui é possível debater o fato de o tempo não ser absoluto, mas relativo.

Como vimos, os filmes de ficção científica, quando bem analisados, podem abrir inúmeras portas para discussões em Física.


Por Joab Silas
Graduado em Física

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